terça-feira, abril 20, 2004

Colocado, então, o ponto final no capítulo «Paixão», invadem-me, agora, uma série de dúvidas, suscitadas pela pomposamente denominada «Operação Apito Dourado»...

Começando precisamente pelo capítulo que o Lcalvo focou, à laia de mote para discorrermos aqui um pouco sobre a matéria, não deixa de parecer estranho que todo este aparato, com detenções, buscas domiciliárias e buscas a organizações desportivas, seja motivado apenas pelo alegado «tráfico de influências» em redor do sector da arbitragem.

De facto... «só» tráfico de influências?! A não ser que eu não perceba bem estes conceitos que servem de base às actuações da Polícia Judiciária, querem lá ver que, afinal de contas, não temos mesmo corrupção a sério no futebol português?...

Outra coisa... porquê só o Valentim Loureiro e porquê só por causa do Gondomar?! E porquê só o presidente do Conselho de Arbitragem da FPF metido ao barulho? Não existirá, também, «tráfico de influências» nas competições profissionais? Então e as dúvidas que se levantam sobre os observadores de árbitros que são padrinhos dos filhos de presidentes de clubes? E os árbitros que são afilhados de dirigentes? E os presentes dados aos árbitros? E as viagens pagas aos árbitros? E os árbitros que recebiam os seus prémios de jogo no Algarve (belos tempos, belos tempos...) em electrodomésticos para não dar muito nas vistas?!... Querem lá ver que, dado o apito inicial neste jogo contra o famigerado «sistema», não vamos passar do caso Gondomar?...

Só para encerrar... um dos nomes que já veio à baila no meio de toda esta nojice, foi o do ex-árbitro Azevedo Duarte. Provavelmente, para quem se lembra dos saudosos (ironia... montes dela!) tempos em que a arbitragem lusa estava recheada de talentos tão duvidosos como Rosa Santos, Carlos Valente, Alder Dante ou Francisco Silva, o nome deste senhor de Braga não deve soar a estranho...

Estranho é, sem dúvida, que o nome deste senhor surja ligado a um processo de «tráfico de influências» cerca de 15 anos depois de ter abandonado o activo. E depois... bem depois... temos forçosamente de dedicar-nos a um exercício que não deixa de ser engraçado: quem eram os dirigentes desses tempos (anos 80) que ainda continuam no activo? Assim de repente, vêm-me alguns nomes à cabeça: Pinto da Costa, Pimenta Machado, Valentim Loureiro, Adriano Pinto, Reinaldo Teles, Pinto de Sousa. Conclusão: alguém ainda tem dúvidas sobre onde reside o mal do nosso futebol?!?!