segunda-feira, fevereiro 23, 2004

UM ESPANHOL PERDIDO NOS TRIÂNGULOS DAS BERMUDAS...

Permitam-me a «maldade» camaradas de bancada mas, apesar de compreender perfeitamente a vossa angústia perante o resultado ontem averbado pelo Benfica, não me consigo conter e tenho de fazer alguns comentários sobre a «casa alheia». E se calhar até nem me vão levar a mal, tendo em conta o que já escreveram, logo a partir do momento da divulgação da convocatória do Camacho..

Deixo este pequeno exercício à vossa (e à dos leitores) consideração: há cerca de um mês, li uma entrevista do Queirós em que ele falava dos problemas com que se tem deparado para fazer a «linha» do Real Madrid, nomeadamente a partir do momento em que deixou de poder contar com o Makelele, que se juntou à anterior saída do Hierro.

Reclamava o «nosso» Queirós que o Real tinha perdido duas referências importantíssimas nos dois eixos que considerava fundamentais para a construção de um «onze» sólido: os triângulos que se formam entre o guarda-redes e os centrais e entre estes e a zona intermediária.

Acompanhando o raciocínio e transpondo-o para a (imensamente diferente, é certo) realidade encarnada, vejamos quem foram os jogadores que formaram ontem esses triângulos na «vossa» equipa: Moreira-Luisão-Hélder; Luisão-Hélder-Fernando Aguiar. Não querendo isentar o Moreira de culpas nos golos sofridos, eu faço uma pequena ideia da azia com que o rapaz tenha entrado em campo. É uma maldade que não se faz...

E não se faz porque o Moreira não merece ser entregue a tão madrasta sorte: o Hélder está «acabadinho» como eu não me lembro de ver um jogador «acabadinho» a arrastar-se pelos relvados portugueses (nem o Veloso penou tanto no seu final de carreira); o Luisão parece caminhar a passos largos para assumir por inteiro o rótulo de «barrete» do ano (embora ainda sejamos obrigados a dar-lhe o benefício da dúvida); o Fernando Aguiar... enfim... é o Fernando Aguiar! E pior crítica do que essa não lhe pode ser feita!

Assim sendo... era um daqueles jogos cujo destino estava traçado antes mesmo do apito inicial do árbitro. Sobretudo se levarmos em linha de conta que pela frente estava (só!) a equipa com melhor ataque da Superliga na condição de visitada. Facto que, por si só, me leva a uma nota final...

Irrita-me a sério, no meio de tudo isto, é o facto de a imprensa continuar a ter dois pesos e duas medidas. Por muitos menos erros tácticos, confusões na composição da equipa, enganos nas substituições, má gestão de plantel, declarações «queixinhas» e coisas do género, a imprensa desportiva apressou-se, no ano passado, a «fazer a cama» ao Bölöni. Não quero (longe de mim!) fazer a apologia do senhor franco-húngaro-romeno, mas que dá que pensar, lá isso dá. É que já nem a fleuma de «macho» e de homem-decidido-com-quem-ninguém-brinca chega para tapar as asneiras que o espanhol anda a acumular...

Haja quem tenha a coragem de o colocar em causa nos pomposos editoriais desta semana, sff.